Gonçalo Ribas & Patrícia Machado
Daniel Catalão afirmou que a evolução da Inteligência Artificial é inegável, e “não podemos tapar o sol com a peneira e fingir que a nossa realidade não está a mudar”. Esta nova tecnologia afeta também o jornalismo, acabando por pôr em causa a credibilidade jornalística, levando mesmo à desinformação.

Uma mulher a segurar um ramo de cravos, fazendo jus ao sentimento de liberdade sentido no dia 25 de abril de 1974, foi uma das imagens presentes na exposição “25 de abril: 50 anos, 25 imagens artificiais”. Nesta iniciativa, os estudantes do 3º ano do curso de Ciências da Comunicação da Universidade da Maia puderam expor as suas imagens criadas com recurso à Inteligência Artificial.
Os alunos foram desafiados na aula de Ciberjornalismo, lecionada pelo docente Daniel Catalão, a recorrer à plataforma “Copilot” para criar imagens alusivas à Revolução dos Cravos, de modo a aliar a IA ao ensino. Este desafio, ofereceu uma nova perspetiva sobre o recurso à IA no nosso dia-a-dia, e provou aos estudantes da Universidade da Maia o poder que esta ferramenta (IA) pode ter no seu quotidiano, nomeadamente no ensino.
A inauguração contou com a presença de diversas entidades do meio académico que destacaram a importância desta iniciativa para a inovação no ensino, e acima de tudo para a valorização da Inteligência Artificial. As imagens, geradas por avançados algoritmos de inteligência artificial, recorrendo ao COPILOT, reinterpretaram o evento e figuras emblemáticas da Revolução dos Cravos, proporcionando aos estudantes uma experiência visual única e contemporânea.
Esta exposição representa não apenas uma homenagem à liberdade e à democracia conquistadas em 1974, mas também uma demonstração do potencial da tecnologia para enriquecer a nossa compreensão da história. A Universidade da Maia afirmou, assim, o seu compromisso com a inovação e a educação. Esta iniciativa explorou um dos grandes perigos atuais que enfrentamos quando confrontados com o poder da Inteligência Artificial, o que nos leva a ter um cuidado redobrado no que toca à credibilidade de tudo que nos rodeia.
Daniel Catalão, jornalista da RTP e coordenador do curso de Ciências da Comunicação na Universidade da Maia, considera que “esta exposição é pioneira” reforçando ainda que “nunca vi(u) uma exposição deste género, feito por alunos, com recurso à Inteligência Artificial em nenhum lado”. Quando questionado sobre a presença da IA nos dias de hoje no ensino e do seu impacto na vida dos estudantes, não hesita em revelar que “não podemos evitar uma realidade no ensino, isso é como tapar o sol com a peneira”.
No que diz respeito ao ensino, o coordenador do curso de Ciências da Comunicação, afirma que “há sites que recorrem ao uso da inteligência artificial que são bastante eficazes na procura de conteúdos e que podem ser um auxilio para os docentes do ensino superior”, criando assim uma nova dinâmica em sala de aula, desde a procura de artigos até conteúdos mais específicos.
Inteligência Artificial no ensino
Atualmente, a Inteligência Artificial está a revolucionar a área do ensino a todos os níveis. Inclusive, em entrevista a uma aluna da Universidade da Maia, esta considerou que a IA é “uma ótima ferramenta para auxiliar a aprendizagem quando utilizada da melhor forma”.
De facto, quando questionada sobre o processo de criação das imagens exibidas na exposição (criadas com o recurso à IA), refere: “não diria nada que foram criadas pela Inteligência Artificial, se não soubesse apontava que cada uma delas teria demorada umas horas a ser finalizada”.
A estudante reforça ainda que “é incrível como a IA tem a capacidade de criar imagens tão realistas como estas, fiquei admirada”, confessou.
Qual será o futuro da IA?
A evolução da Inteligência Artificial é algo que acontece e tem acontecido a uma velocidade abismal, em todas as áreas, desde a saúde, à educação e até mesmo no jornalismo. A mudança é real, agora cabe-nos a nós acompanhar essa mudança e segundo Daniel Catalão, “não meter a cabeça debaixo da areia e se ache que vem aí o bicho-papão”, comenta com algum humor.
The development of AI tools such as ChatGPT is poised to have a major impact on how scientific articles are written and reviewed, as AI continues to rapidly advance.
Dr. Bharati Rathore (2023). Future of AI & Generation Alpha
A IA tem um impacto significativo na vida das pessoas, mas também levanta sérias preocupações nomeadamente em relação à desinformação.
Por um lado, a IA facilita a rápida disseminação de notícias falsas levando assim à desinformação. Deepfakes, por exemplo, permitem a criação de vídeos manipulados que podem enganar o público. A capacidade da IA personalizar e direcionar estas notícias falsas com base nos interesses e comportamentos dos utilizadores nas redes sociais aumenta ainda mais o problema, tornando mais difícil para o público distinguir entre factos e ficção.
Por outro lado, a Inteligência Artificial oferece várias vantagens no jornalismo. A automatização de tarefas repetitivas permite que os jornalistas se concentrem nas tarefas mais complexas, aumentando assim a sua produtividade. Além disso, a IA consegue analisar grandes volumes de dados e revelar padrões que podem enriquecer reportagens. Com estas ferramentas, o jornalismo torna-se mais preciso, eficiente e abrangente, melhorando assim a qualidade da informação disponibilizada ao público.